quinta-feira, 16 de julho de 2009

Artigo "A Conquista da Lua"


*José Roberto de Vasconcelos Costa


40 Anos desde o histórico vôo da Apollo 11


Num famoso discurso em 1962, o então presidente John F. Kennedy prometeu ao povo norte-americano que no prazo de uma década os Estados Unidos iriam enviar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança. Prometeu e cumpriu.


Hoje, passados exatos 40 anos do histórico pouso lunar, o mundo quase não se lembra do clima de rivalidade entre americanos e soviéticos, principal estímulo por trás dessa magnífica realização. Decididos a vencer o que ficou conhecido como Corrida Espacial – cujo grande prêmio era a Lua – os norte-americanos não pouparam esforços nem recursos.


O pouso da Águia


No auge da corrida espacial o orçamento da Nasa, a agência espacial norte-americana, chegou ao pico de 5,5% de todos os recursos federais (hoje vai pouco além de 0,5%). O custo atualizado de todo o programa Apollo foi de 237 bilhões de dólares (valor quase três vezes menor que o gasto com a Guerra do Vietnã, que matou cerca de 50 mil norte-americanos e 2 milhões de vietnamitas).


Mesmo com uma bandeira dos Estados Unidos fincada em solo lunar (para reforçar quem ganhou a corrida!) a viagem foi retratada como um feito pacífico em nome de toda a humanidade, e até mesmo a réplica de um ramo de oliveira (símbolo da paz desde a Antiguidade) foi deixada na Lua, além da conhecida placa com os dizeres “Aqui homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua, em julho de 1969 d.C. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade”.


Os astronautas Neil Armstrong (comandante), Edwin Aldrin (piloto do módulo de descida na Lua) e Michael Collins (piloto do módulo de vôo) foram os tripulantes da missão Apollo 11, que teve um lançamento perfeito da Terra a bordo do poderoso Saturno V, o maior foguete já construído, com mais de 110 metros de altura (7m mais alto que o maior pilar da ponte Newton Navaro) e 3 mil toneladas (mais de 8 boeing Jumbo 747 com sua capacidade máxima).


A jornada de três dias foi tranquila e rotineira. A missão Apollo 10 já tinha feito o mesmo percurso, mas sem o pouso final, que para o módulo Águia da Apollo 11 foi numa grande planície de lava basáltica de nome “Mar da Tranqüilidade”, localizado bem perto da linha do equador e na face lunar permanentemente voltada para a Terra.


Aventura humana


Apenas Armstrong e Aldrin tiveram o privilégio de caminhar na Lua. Collins permaneceu solitário em órbita do satélite, esperando o retorno dos companheiros para iniciar a viagem de volta. A descida teve alguns sustos, como o perigoso esgotamento iminente do combustível e sucessivos alertas do computador. A 150 metros do solo Armstrong assumiu o controle manual e rumou para uma região menos acidentada, pousando suavemente.


O solo era formado por um pó fino como talco e a bota de Armstrong, o primeiro a pisar no chão de um outro mundo, cravou uma impressão que durará por séculos, dada a ausência de agentes de erosão na Lua (como vento ou chuva).


Aldrin juntou-se ao companheiro minutos depois, e os dois instalaram alguns instrumentos, caminharam aos saltos experimentando a baixa gravidade lunar (1/6 da terrestre), recolheram amostras de rochas e tiraram fotografias. Passaram menos de um dia (cerca de 21 horas) e antes de decolar ainda cochilaram por algumas horas no interior do Águia.


A 380 mil quilômetros dali, bilhões de pessoas assistiam pela TV em imagens em preto e branco. Outras cinco viagens tripuladas ainda aconteceram até 1972 (Apollo 12, 14, 15, 16 e 17); cada uma com um tempo maior de permanência na Lua e mais atividades interessantes. O mundo, porém, foi perdendo a curiosidade. As pessoas pensavam que depois da Apollo 11 estar na Lua seria lugar comum.


A vitória já consagrada dos Estados Unidos e os cortes de orçamento foram o bastante para cancelar o programa, que originalmente se estenderia até a Apollo 20. Na atualidade, crise financeira global e falta de competição política retardam um retorno para além de 2020.


Em termos científicos, a exploração da Lua com robôs é mais eficiente (e muito mais barata) que os vôos tripulados. Mas a lista de benefícios oriundos da empreitada de levar seres humanos ao espaço é enorme, abrangendo desde a invenção de sistemas de monitoramento cardíaco a botes salva-vidas que inflam automaticamente, entre inúmeros outros.


E assim como não celebraríamos os esportes da mesma forma se eles fossem praticados por robôs, nada se compara ao nos vermos representados na figura de um desbravador numa aventura épica. É fato que a exploração do espaço é cara e perigosa. Mas o verdadeiro motivo pelo qual continuaremos fazendo isso é simplesmente porque somos humanos.


*Estudante de Mestrado em Ensino de Ciências e membro da Equipe Técnica de elaboração do Projeto da Cidade da Ciência.

3 comentários:

  1. Fernando Fernandes Ladeira, licenciado em Geografia pela UFJF e especialista em Brasil, Estado e Sociedade pela UNIPAC falou sobre o artigo: consequencias da famosa Guerra Fria. Muitos até hj duvidam de tal feito do ser humano, acreditam q seja montagem, mas fica aí o regitro. Notei algo curioso no texto. Após a Apolo 11 outras expedições chegaram a lua, so q falta a Apolo 13, seria supertição?

    ResponderExcluir
  2. Há tantos boatos sobre a onquista da Lua, que não tenho uma posição tão certa sobre o assunto. Enfim, espero, sinceramente, que um dia se chegue a verdade absoluta e possamos comentar e comemorar de fato.

    ResponderExcluir
  3. A Apollo 13 foi a famosa missão que teve um problema durante o voo e não conseguiu alunissar (virou até filme, estrelado por Tom Hanks). Não foi, portanto, superstição.

    Quando aos boatos de que o Homem nunca chegou a Lua, não passam disso mesmo, boatos: eles se baseiam em 2 coisas: desconhecimento do contexto histórico daquela época e falta de conhecimentos básicos em ciência. Todos os argumentos (todos mesmo!) podem ser facilmente rebatidos se preenchidas essas duas lacunas.

    ResponderExcluir